segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Maritimes!


Nossa, quanto tempo que não venho aqui. Quase 1 ano. É aí que percebemos como a vida anda rápido, o quanto estamos ocupados e como o tempo virou um artigo de luxo. Tempo realmente faltou nesse último ano, mas as viagens não pararam por isso. Na verdade, as viagens é o nosso maior foco, sem elas talvez não estívessemos aguentando a pressão da vida atual. Mas vamos ao que interessa!

Dessa vez a nossa partida se deu com destino a Maritimes , nome esse dado as províncias do lado leste do Canadá que são banhadas pelo oceano Atlântico. Foram mais de 4000 km rodados saindo de Montréal, Québec passando por New Brunswick, Nova Scotia e Terra Nova e Labrador em apenas 10 dias. Foi uma viagem longa e de muita estrada mas que valeu a pena cada kilometro rodado. Essa região do Canadá é muito conhecida por longos trechos por isso é super comum vermos vários motorhomes pelo caminho.
Vamos lá a aventura : saímos de Montréal no final da tarde por volta das 16h, apesar de já estar tarde, queríamos aproveitar ao máximo para nos distanciarmos de Montréal já que não tínhamos muito tempo de férias. Essa viagem estava assim, super cronometrada. Dormimos a primeira noite em Edmundston, já na província de New Brunswick que é a única província do Canadá  oficialmente bilingue. Apesar das horas de condução estávamos muito felizes e empolgados em conhecermos mais esse pedacinho do Canadá. Esse trecho foi super agradável e as estradas muito boas.
Acordamos em Edmondston no Comfort Inn (adoramos nossos pontos fidelidade) e seguimos viagem para o parque nacional de Fundy . É um parque que fica na divisa entre New Brunswick e Nova Scotia. Na passagem para a Bay of Fundy passamos pela cidade de Alma que é uma cidade bem pequena mas muito agradável, um ótimo lugar para se deliciar com os frutos do mar da região. Na Bay of Fundy tivemos o privilégio de conhecer o Hopewell Rocks. São rochas esculturais esculpidas pelas ações do vento e mar durante muitos e muitos anos. A imagem é linda! Lá ficamos por horas tirando fotos e deixando a imaginação tomar conta. Bay of Fundy é onde apresenta a maior variação de maré alta do mundo, então antes de ir é muito bom se informar sobre a maré do dia. Se a maré estiver alta só é possível chegar as rochas de barco ou de kayak. E se for na maré baixa, como fomos, se prepare para tomar um banho de lama mas que vale muito a pena. Benjamin se esbaldou na lama.

Depois desse passeio fomos para Fredericton, à capital de New Brunswick, jantamos no Pink sushi (muito boa comida) e dormimos por Fredericton mesmo que é a cidade mais movimentada da província. Cheia de barzinhos e restaurantes muito agradáveis. No outro dia cedo voltamos para o parque nacional de Fundy já que tinha muita coisa interessante para visitar por ali. Muita natureza espetacular como só o Canadá tem a nos proporcionar. Fizemos uma trilha que nos levou a um ponto estratégico para sentir o cheio do oceano Atlântico. Ali a gente imaginava quantos dos nossos estavam se banhando naquele mar e naquele exato momento a muitos kilometros dali e quantas vezes nos banhamos naquele mar durante a nossa vida (é difícil viver longe dele).
  
Deixamos a Bay of Fundy em direção a Nova Scotia, nosso destino era Sydney, onde iríamos pegar o ferry em direção ao pico mais esperado: Terra Nova e Labrador. Foram muitas e muitas horas de Estrada até chegarmos ao entroncamento da Ilha do Príncipe Eduardo e Nova Scotia e decidimos ir até a ilha do Príncipe Eduardo. Já era final de tarde e as nossas energies já estavam bastante gastas de horas de direção, mesmo assim decidimos ir. Assim que chegamos na entrada da Ponte da Confederação o tempo começou a mudar, então desistimos de ir na ilha, para a minha tristeza e arrependimento até hoje. A ponte das Confederações foi construída para estabelecer o acesso da ilha do Príncipe Eduardo com outras províncias do país, 15 km de comprimento na superfície do mar. A passagem até a ilha é de graça mas para retornar o pedágio custa 50 dólares. Se entrar na ponte tem que ir até o final, não existe retorno e nem qualquer tentativa do tipo porque a ponte é 100% fiscalizada por câmeras. No lugar de atravessarmos, subimos num mirante que fica na última loja de souvenirs na província de New Brunswick, o que nos dá uma visão linda da pequena e tão querida ilha. Com certeza a gente vai voltar, pra mim parece que ficou faltando um pedaço e o que de fato ficou.
Seguimos então para Nova Scotia, a gente estava de mau humor de tanto dirigir, acho que isso foi o que mais contou na decisão de ir em PEI (como eles chamam a ilha) ou não. Chegamos em Sydney, na Nova Scotia à meia noite, simplesmente exaustos. Dormimos em Sydney ansiosos para o dia de amanhã.

O ferry estava marcado para as 11 horas da manhã mas tínhamos que estar lá duas horas antes. Acordamos bem animados com o novo dia mas para a nossa surpresa Benjamin acordou com umas manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Saimos em busca de um veterinário antes de seguirmos para Terra Nova e Labrador. Para o nosso alívio não era nada, ele foi picado por uns mosquitos bem comuns na região. Por falar em BenBen, ele participou de tudo nessa viagem, não negou nenhuma trilha e nem entrar na água mais gelada possível, companheiro melhor de viagem não há! 

Pegamos o Marine Atlantis, um ferry enorme de 9 andares, super equipado e confortável. Tem um canil para cachorro onde se paga 15 dólares a mais. Na ida o chão estava molhado, o que me incomodou bastante porque Benjamin ficou molhado durante as 6 horas de viagem mas a volta estava tranquilo. Não tinha mais nenhum outro cachorro, o que fez com que ele não se distraisse nenhum minuto da viagem nos momentos em que deixávamos ele sozinho. Almoçamos no ferry que pra nossa surpresa tem um preço bem em conta e o service também é muito bom. Nós sentimos em casa desde o ferry.
Depois das 6 horas de temporal e barco balançando chegamos na parte tão sonhada da viagem : NewFoundland and Labrador (suspiros!!!). Que lugar, que energia, que natureza, que povo, que tudo! Parecia que tínhamos sido teletransportados para um filme da época dos Vikings. De boas vindas tivemos um enorme arco-íris no meio das montanhas que nos seguiu por horas de viagem. Assim que saímos do ferry seguimos para a cidade de Stephenville, um vilarejo onde nos hospedamos. Estávamos exaustos, então dormimos um pouco a mais do que o previsto.
Acabamos acordando tarde, mesmo assim seguimos para o Gros Morne National Park que é um patrimônio mundial da Unesco. E o parque é mesmo de cair o queixo! Os parques do Canadá, geralmente, são muito bem conservados mas esse parecia que ninguém nunca tinha pisado antes. Existe uma estrada asfaltada e todos os itens necessários para proporcionar um bom passeio aos turistas e locais mas tudo é tão perfeito que parece que estamos num filme. Durante nosso passeio passamos por Rocky Harbour para nos aquecer com um famoso caldo de frutos do mar, um prato típico da região e muito gostoso. NewFoundland é bem mais fria do que as outras províncias do Canadá, só não mais do que as províncias do Norte. O que mais chama atenção nessa região é o conjunto do mar, montanhas e neve. Parece uma pintura! 

No meio do Gros Morne existe um ponto turístico onde saem barcos para ver de pertinho os fiordes, uma pena que a gente acordou tarde, mas todos falam que é muito lindo. Mesmo assim fomos nessa ponta do parque, western brook pond, pra tentar ver um pouco dos fiordes de longe. Não se tem visão nenhuma, são apenas 2 km de caminhada que vale a pena por estamos mais perto de uma natureza esplêndida. 


Não tinha mais ninguém no parque, já era final de tarde, então decidimos tirar a coleira de Benjamin, ele estava andando super feliz quando de repente olha pra gente com uma cara de sapeca. Eu e Bernardo em pânico começamos a gritar: não Benjamin, não! Mas não teve jeito, ele pulou num mangue de barro preto e ficou completamente enxarcado de lama. Oh céus! Mesmo com o frio não tívemos escolha, tívemos que dar banho nele numa água congelante. Nunca mais ele repete isso! kkk
Saímos do Gros Morne National Park no final do dia em direção a St Jonh's e dormimos numa cidade muito pequena no meio do caminho. Achar bons hotéis a bom preço em Newfoundland and Labrador não é tarefa tão fácil assim.

Assim que acordamos seguimos para St. John's, a capital de Newfoundland and Labrador. A cidade é super fofa, muito colorida e cheia de vida apesar de ser tão distante de tudo (isso não deve ser comentado nunca com um local, rsrs). Chegamos lá no dia 1º de julho, dia da independência do Canadá, então a festa estava garantida. Tinha banda ao vivo rolando na praça principal e os locais super empolgados com a data. Apesar de ser um dia festivo, St. John's é conhecida por ser uma cidade festiva, aqui não existe tempo ruim para os inúmeros jovens da cidade. Existe um ritual muito conhecido na região chamado "Screech In", o turista deve ser convidado por um local para fazer esse ritual que se resume a repetir frases locais (que a gente aprende na hora e depois não lembra mais) tomar um rum local e beijar a boca de um peixe. Fizemos isso no Christian's Pub e foi muito legal! Um momento que nunca iremos esquecer. Pra finalizar recebemos um certificado do local, rsrs.



Em St. John's tem várias coisas pra fazer, não pensem que pela cidade ser pequena rapidamente se conhece tudo, não. A melhor coisa é ir e passar pelo menos 2 dias. Como não tínhamos muito tempo, passeamos por St. John's e subimos para o Signal Hill. Um lugar espetacular com uma vista deslumbrante de toda a cidade e baía. 

De lá pegamos mais uma vez a estrada para o Cape St. Mary's. Bernardo se empolgou tanto com St. John's que queria cortar do plano de ir ao Cape St. Mary's e ainda bem que isso não aconteceu. O Cape fica a mais ou menos 2 horas de carro de St. John's, a estrada não é tão legal assim mas dá pra ir e cada segundo de stress da estrada vale assim que chegamos ao Cape St. Mary's. É uma reserva ecológica que abriga mais de 60.000 aves de 3 ou mais diferentes espécies. É uma coisa de outro mundo! Não dá pra descrever, só indo, vivendo e sentindo a energia desse lugar único na terra. Ali ficamos horas até escurecer.

Do Cape St. Mary's seguimos viagem por uma estrada péssima, cheia de buracos mas com uma vista da península e as contáveis casas na costa virada para o oceano Atlântico que nós fazia esquecer de qualquer problema que pudesse existir. Dali saimos banhados pela presença do poder divino que existe sobre a terra. E dormimos no Sherwood Suites and Hotel, um hotel muito bom, no meio da floresta.
Acordamos felizes pelo dia de ontem e pela noite maravilhosa que tívemos nesse hotel. Fomos tomar café num restaurante local e muito aconchegante. Benjamin não queria mais sair do hotel e quando entrava no carro não queria mais sair do carro, ele estava exausto da vida de viajante, rsrs. Já estávamos ao lado da programação do dia que era visitar a Sherwink Trail que são 5.3 km de loops contornando o mar. A trilha é deslumbrante, cada parada mais linda do que a outra. A natureza em seu estado mais bruto. Infelizmente não fizemos os 5.3 km pela falta de tempo e o frio que começou a incomodar nos 3 mas o que vimos valeu e muito! Mais uma vez pegamos bastante estrada já em direção a Stephneville, cidade próxima ao porto onde no próximo dia íriamos pegar o ferry de volta a Nova Scotia.

Pegamos o ferry as 11h da manhã e deixamos pra trás a vista daquela terra esquecida mas com tantos encantos, estes que a gente não encontra em qualquer lugar. Estar em Newfoundland and Labrador foi MÁGICO! Em terra, dirigimos o dia todo até chegarmos na cidade de Igonish, onde estava localizado o hotel dessa noite. 

Acordamos cedo e fomos visitar o Cabot Trail. Nesse parque tudo é visitado de carro. Existem várias trilhas para quem tem tempo de sobra mas de carro também é emocionante. Assim que chegamos na trilha de asfalto (ehehe), um urso gigante, preto, atravessou a pista. E assim seguimos, vendo os bichos e as inúmeras vistas indescritíveis desse lugar. Benjamin amou passear o tempo todo de carro, ele estava exausto, coitado! Depois do dia inteiro no Cabot Trail e várias paradas pra fotos e degustar comidas deliciosas como o sanduíche de lagosta e ostras, seguimos para Moncton em New Brunswick. Lá estava o hotel da noite.
 De Moncton, pegamos o caminho de volta até Montréal e assim acabou a nossa viagem de 10 dias pelas lindas províncias do Atlântico: Maritimes.
 

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