Finalmente chegamos ao Reino Unido que era o nosso principal destino inicialmente. Desta vez via avião, de Amsterdam para Edinburgh. No décimo dia de viagem, a curiosidade ainda era muita, e as baterias continuavam carregadas. Como eu comentei no post anterior, esse era o país que mais nos inquietava, não sabíamos como seria a nossa percepção, tanto dos locais com a gente, como da nossa para com eles porquê quando a gente imaginava a Escócia, pensávamos nos celtas, castelos e num lugar muito frio que chegava a dar um frio na barriga só de pensar. Mesmo com tantas pesquisas sobre o lugar não tem como não imaginar as histórias dos filmes que foram filmados lá.
O transporte público funciona perfeitamente bem, então pegamos o ônibus de rua do aeroporto ao centro (que não é bem um ônibus comum, os turistas pegam um e os locais outro, mas é bem mais barato que táxi). Todos os ônibus têm dois andares e uma vista privilegiada. Dali já deu pra sentir o que é Edinburgh. Eu não sei quem estava mais boquiaberto, eu ou Be, estávamos nos sentindo na idade média. Era um castelo mais maravilhoso que o outro misturados a uma arquitetura céltica que não estávamos acostumados a ver. Ficamos completamente loucos por aquele lugar. Chegamos no hotel com muita facilidade, pelo mapa do guia que trouxemos da biblioteca de Montréal (ai mais uma boa dica). Dessa vez ficamos hospedados no Travelodge, melhor preço e localização impossível. Deixamos as malas correndo, trocamos de roupa porque estava fazendo um friozinho e fomos bater perna.
Cara, foi uma sensação muito boa, sentimos a mesma coisa quando viajamos pela primeira vez para um outro país. Estávamos ali, os nossos próprios olhos estavam enxergando coisas tão diferentes para nós, sensação indiscritível. Então nada melhor do que brindar em um dos milhares pubs que existem na cidade. E foi assim que acabou o nosso primeiro dia, num pub chamado The World's End, onde comemos o melhor queijo de cabra da vida.
Acordamos bem cedo e fomos comer o famoso English breakfast, delicioso mas uma bomba calórica. As pessoas aqui são muito queridas e não tem nada da frieza que a gente pensava, fomo muito bem tratados. Muitos habitantes vem de outros lugares do mundo, alguns vieram para estudar e outros vieram com a intenção de viver. Mesmo sendo uma cidade não muito grande, de apenas 500.000 habitantes, Edinburgh é considerada a cidade do futuro pela sua infraestrutura, educação oferecida aos jovens, desenvolvimentos tecnológicos, entre muitos outros aspectos.
O melhor do passeio é se perder, e é a melhor forma de se conhecer bem um lugar, e foi assim que fomos descobrindo essa terra fria e encantadora. Apesar dos hábitos terem mudado muito, os homens jovens ou mais velhos continuam usando a roupa típica daqui, o Kilt, que é uma saia de lã e outros acessórios herdados da cultura céltica. Essas roupas são caras e podem custar uma fortuna dependendo da ocasião. Em uma das lojas que passamos tinha um aviso: "este Kilt que foi usado pelo príncipe tal no casamento tal (que não lembro mais o nome) está com 40% de desconto - apenas 3000 euros". E assim os preços vão aumentando ou diminuindo a depender da qualidade. É como um paletó pra gente.
Edinburgh é dividida em "cidade alta" e "cidade baixa". Na cidade alta estão os pontos mais turísticos e a principal rua é a Royal Mile, na cidade baixa está o comércio local. Nos pontos turísticos sempre tem um cara vestido a caráter tocando gaita de fole, instrumento musical escocês. Música que pode ser ouvida por todos os cantos da cidade.
Ficamos a maior parte do tempo na cidade alta, fomos até o Calton Hill, que é uma colina no meio da cidade com vários monumentos escoceses e de onde se pode ter uma bela vista da cidade. A subida é tranquila e acessível à todos.
De lá seguimos para The Scotch Whisky Experience. Para uma leiga em whiskies como eu, foi uma ótima oportunidade de aprender como é feito o melhor whisky do mundo. No experience, além de acompanhar como é produzido o whisky, a gente pode degustar os inúmeros sabores, um mais frutado, outro com gosto de madeira queimada, etc,
e cada gosto indica em qual região da escócia o whisky é feito. Nisso a
gente ia bebendo um pouquinho mas bebendo, resultado: sai de lá
passando mal, mas valeu muito a pena. O passeio custa 17 libras (pra
estudante desconto de 5 libras, tem que mostrar a carteirinha). Lá tivemos uma grande surpresa, soubemos que o maior colecionador de whiskies escocês do mundo é brasileiro, de São Paulo, o Sr. Claive Vidiz.
Fomos até a cidade baixa, nos perdendo pelas ladeiras tortuosas e cheias de segredos. Não andamos o quanto gostaríamos pela cidade baixa mas é um lugar lindo e com muita história também. Mesmo sendo verão, os dias são frios e relativamente curtos, o que diminui bastante o tempo de exploração turística.
Nosso dia acabou em mais um dos inúmeros pubs, sempre lotados de jovens, da cidade.
No outro dia acordamos cedo para aproveitarmos ao máximo a Escócia, comemos novamente um English breakfast e seguimos para o Edinburgh Castle (16 libras a entrada, sempre lotado mas a fila anda rápido). Esse é um dos principais pontos turísticos. O castelo é enorme e muito bem conservado, dá pra se ter uma boa noção de como funcionava o castelo naquela época. De lá se tem uma vista linda da cidade baixa, do Calton Hill e do Holyrood Park.
Do castle seguimos para o Holyrood Park e Arthur's seat, o tempo estava muito a nosso favor mas não podíamos confiar 100% nele, então tínhamos que correr para aproveitá-lo. O Holyrood Park e Arthur's seat (tem esse nome pelo formato da montanha em um assento) são duas montanhas unidas também no meio da cidade. São muito aproveitadas para a pratica de exercícios pelos Edinburghers (pessoas nascidas lá), um pouco íngreme e de difícil acesso para alguns mas vale o esforço pela vista que se tem de toda a cidade e sem dúvidas a melhor. Nosso passeio diurno acabou aqui, já estava escurecendo quando começamos a descer e a chuva veio assim que chegamos na base da montanha. De lá fomos terminar nosso dia no The World's End pra fechar com chave de ouro essa viagem inesquecível.
Acabamos essa parte da viagem com a sensação de que faltou muita coisa pra fazer. Edinburgh é uma cidade muito interessante e de muitos atrativos. Tem muitos museus bons, como The museum of Childhood, com um milhão de brinquedos (deve ser maravilhoso) e The Real Mary King's Close, onde eram colocadas as pessoas com lepra e esquecidas à própria sorte, o local é conservado até hoje. É necessário para Edinburgh no mínimo 4 dias. Vamos ter que voltar lá em algum momento da vida.
Em Edinburgh rola todo ano durante todo o mês de agosto o Edinburgh Festival Fringe que é um festival de artes. Começou no dia que fomos embora, snif:( Esse foi o ponto mais alto da viagem, sem dúvidas.
Daqui seguimos para Dublin.
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