domingo, 14 de outubro de 2012

ROCKY MOUNTAINS

Depois das 5 maravilhosas semanas que passei em Vancouver, Be veio me encontrar para mais uma semana de férias, depois de quase 1 mês de chuva, o tempo abriu geral e a cidade se iluminou com a luz do sol (Bernardo é muito sortudo). Como nós tínhamos 2 dias em Vancouver, passamos um dia inteiro fazendo turismo. Eu fiz um tour com as coisas imperdíveis em Vancouver e acho que Be aprovou. Primeiro um maravilhoso passeio de bicicleta pelo Stanley Park, depois continuamos na seaside bicycle route, paramos na Burrard St. Brigde,  pegamos um aquabus para a Granville Island, visitamos a Granville Island cervejaria, apreciamos as deliciosas cervejas de blueberry e mapple e comemos o famoso fish and chips. Voltamos de aquabus para a Burrard, pegamos as bikes e voltamos em direção ao Stanley. Paramos no meio do caminho para a melhor surpresa do dia, um passeio de seaplane para apreciar a imperdível vista de Vancouver de cima. Be, simplesmente, pirou (presente melhor não existe).

 Devolvemos as bikes e seguimos de skytrain (outro passeio legal para conhecer a cidade de cima) para Gastown, o bairro mais boêmio e charmoso de Vancouver (na minha opnião). E ainda estava rolando o festival de música de rua (o cara é mesmo muito sortudo, não tem como não ficar louco por Vancouver). Curtimos um bom som pelas ruas de Gastown, tomamos um choppinho para finalizar o inesquecível dia e comemos comida japonesa (Vancouver é uma das melhores cidades do Canadá para saborear a comida japonesa, barata e verdadeiramente fresca).
Vancouver têm um bilhão de coisas pra fazer, é uma cidade multicultural e de natureza estonteante, é preciso alguns dias para visitá-la.
Nosso destino principal: rocky mountains.
Acordei cedo para ir pra faculdade, peguei um ônibus em Richmond e fui direto pra UBC (o transporte público em BC (British Columbia) funciona muito bem, muito melhor do que o de Québec. Recebi o meu diploma e enquanto isso Be pegava o carro para dar seguimento a mais uma sonhada viagem.

Viajar por BC é, realmente, um presente dos deuses, o visual é indescritível. Saimos de Vancouver em direção a Whistler, no caminho paramos para Be pular de bungee jumping. Whistler é uma cidadezinha fofa, é pra lá onde os ricaços de BC vão esquiar no inverno. De Whistler seguimos para Kamloops, era lá a nossa dormida na primeira noite.
The Rocky Mountains é uma cordilheira de 4800 metros de rochas esculpidas pelas erosões e glaciares há milhões e milhões de anos atrás, elas tem início no estado de British Columbia, no Canadá e vai até o Novo México nos Estados Unidos. As montanhas rochosas são conhecidas pela natureza preservada, o ecossistema natural e sua beleza cênica.

Dia seguinte seguimos de Kamloops para o Parque Nacional de Jasper, no estado de Alberta. É uma viagem de 5 horas em média, de carro, mas eu não chamo isso de viagem e sim de passeio porque é lindo demais, a gente pára por minuto pra tirar fotos, fotos e mais fotos. O parque de Jasper é maravilhoso, as trilhas são fáceis e a gente pode ver os bichos bem de pertinho (nós vimos 7 ursos nesse parque e vários outros animais. Total da viagem:14 ursos), como existe o equilíbrio no ecossistema a gente não corre risco de vida. Mas é claro que ninguém é louco de tentar tocar num urso, por exemplo. Do parque seguimos para Hinton e dormimos lá.

Segundo dia pegamos a estrada cedo, do parque nacional de Jasper para o parque nacional de Banff. Essa estrada pode ser feita em 3 horas, mas é tão surreal que nos levamos o dia inteiro. Paramos quinhentas mil vezes para ver os bichos, o visual e tirar fotos no Glacier Athabasca, Esmerald Lake, Takakkaw Falls e Lake Louise. Dormimos numa cidadezinha perto de Banff chamada Canmore.

Terceiro dia levantamos cedo novamente, rumo a Banff que é uma cidadezinha super charmosa, aproveitamos esse dia para explorá-la mais já que tem um teleférico com vista da cidade e boa parte da região. De Banff seguimos para Vernon, visitamos nosso amigo canadense, Nara, que morou anos em Salvador e está de volta a sua terra natal. Vernon é uma cidade pequena e todo mundo vive no meio da natureza, lindo! De Vernon seguimos para Merritt, dormimos lá e no outro dia pegamos mais estrada pra Vancouver. E nossa viagem terminou assim.
Todos os hotéis que nós ficamos foram ótimos, acho que essa região é rica e por isso tem uma qualidade na parte hoteleira, por isso vale a pena ficar nos hotéis mais baratos, na faixa de 100 a 120 dólares a diária.
Curiosidade: na construção das estradas foram construídos também vários túneis e corredores naturais para que os animais passem de um lado a outro. Foram colocadas câmeras para ver os movimentos desses animais comprovando que esse túneis são de enorme serventia. No curso das estradas tem grades para que os bichos não tenham acesso as estradas, diminuindo assim a mortalidade. Tudo é pensado na fauna e flora, o governo canadense está de parabéns!
Taí uma maravilhosa viagem a ser feita.
Até a próxima,
Roberta.







terça-feira, 14 de agosto de 2012

VANCOUVER


     Olá a todos. Eu ando super atrasada com o blog mas  tenho muitas novidades para contar. A última viagem foi Vancouver. Passei 5 semanas lá participando do programa Explore que é uma bolsa de estudo patrocinada pelo governo canadense para que a gente aprenda a segunda (ou terceira...)  língua. Como a gente pode escolher à cidade, a minha primeira opção foi Vancouver, claro! Ir pra Vancouver foi um presente do Universo, não só por estar fincada naquela natureza linda que é Vancouver mas também pela oportunidade de estar sozinha numa cidade onde eu não domino (continuo não dominando) a língua e tendo que me virar da melhor forma possível. Isso, realmente, é um crescimento único.
     Cheguei em Vancouver com um grupo de pessoas que eu tinha conhecido pelo facebook. Dividimos o táxi e chegamos na residência da UBC (University of British Columbia). A residência é um hostel, cada um tem o seu quarto e a cozinha e o banheiro são divididos. É tudo muito organizado, não tive do que me queixar. Fiquei num quarto ótimo, no segundo andar com a vista linda da natureza. A UBC é uma universidade sem comentários, que lugar lindo, meu Deus!!! Todos os dias para ir pra aula eu passava no meio de uma floresta. O campus é enorme, é bem comum a gente ensinar alguém, ou o contrário, a chegar em algum lugar. Em frente a UBC tem uma praia de nudismo bem legal que é frequentada por todos. Final do dia eu sempre ia lá, fazer um exercício físico ou tomar um sol quando este resolvia aparecer.
      O esquema de aulas era bem pesado. A gente tinha aula todos os dias até as 3 da tarde. Depois disso tinham os programas para fazer com a turma. Éramos na faixa de umas 120 pessoas, o problema é que a grande maioria dos quebequenses não se empolgavam pra falar inglês, então eu tive que cair fora do grupo. No final, essa foi a melhor decisão que eu tomei.
     Como o ditado diz : nunca estamos sozinhos nessa vida, acabei conhecendo uma pessoa muito querida, uma peruana, da mesma idade que eu.  A gente se divertia muito falando inglês o tempo inteiro. Pegamos um mapa da cidade e em apenas 4 dias eu já estava dominando Vancouver. Carolina (minha new amiga) não se interessava muito por mapas mas o melhor é que ela confiava no meu ‘’equilíbrio geográfico’’, hahaha.
     Primeiro passeio de boas vindas foi num navio navegando pelos canais de Vancouver. Tivemos uma vista maravilhosa da cidade com um Dj tocando e muita comida e bebida. Foi massa!!! Todo o tempo eu pensava : deus não dá asa a cobra, ehehe. Porque estar em Vancouver sempre foi o sonho de Bernardo e quem estava ali era eu. Vivendo uma coisa que ele iria se amarrar completamente.
    No primeiro final de semana, nos fomos visitar o Lynn Canyon que é uma linda cachoeira com uma ponte suspensa. Muitos Vancouverities (quem nasce em Vancouver) vão lá para fazer exercício físico. Depois do Lynn Canyon, eu e Carolina fomos para North Van (norte Vancouver) conhecer a Grouse Mountain. Pegamos dois ônibus pra ir e ônibus e aquabus (ônibus aquático) pra voltar e dali a gente percebeu que o transporte público funciona perfeitamente bem. Para pegar ônibus tem que comprar o ticket antes, eles são vendidos em farmácias. Tem o bloquinho com 10 tickets que sai mais em conta e se compra para uma área só ( no meu caso downtown, já que o transporte público cobre 3 áreas). Nos finais de semana nós podemos usar o mesmo ticket para qualquer área. Bem, a Grouse Mountain é um dos pontos turísticos mais visitados de Vancouver. De lá a gente tem uma linda vista do centro da cidade. Muitas pessoas vão e sobem a pé a montanha. Eu fui decidida a subir andando mas quando vi o tamanho da montanha desisti na hora. O jeito foi pegar o bondinho que custa 45$ a primeira subida e quem quiser subir mais um pouco paga mais 5$. Eu achei bem caro para o que oferece.
    Passamos o domingo caminhando pelo Sea Wall, um grande calçadão que contorna English Bay Beach até False Creek. Na English Bay a gente pode ver as imensas estátuas de bonecos que fazem caras e bocas, bem legal! E os imensos troncos de árvores nas praias que são colocados de propósito para servir de banco aos frequentadores do local. Muita gente gosta de fazer essa passeio de bicicleta, eu fiz os dois e os dois são agradabilíssimos.
    Em Vancouver a natureza está presente em tudo. Cada casa tem seu lindo jardim e as plantas tem uma presença especial, elas crescem e quase que entram nas casas sem problemas. Todo mundo respeita muito a natureza. E no meio do agito do centro de Vancouver está o Stanley Parc. Neste parque nos podemos visitar os totens, o símbolo de Vancouver e do Canadá, o áquario de Vancouver (eu não fui mas todos que foram elogiaram muito) que custa 16$ e é necessário em média de 2 a 3 horas para ser bem apreciado e muito mais. 

   O ponto forte desse parque é alugar uma bicicleta e fazer o contorno dele inteirinho. Pra mim esse foi um dos melhores programas que fiz em Vancouver. Tem várias rent bikes em volta do parque (principalmente na Denman com Georgia St.) e cada loja varia muito o preço, vale a pena fazer uma pesquisa.

   Quem for em Vancouver, com certeza, irá escutar muito sobre Granville Island. É uma ilha-bairro com muitas coisas interessantes para se fazer. Lá podemos apreciar o delicioso fish and chips para todos os gostos no mercado municipal que como todo mercado vende boas coisas e fresquinhas da região. Para quem gosta de cerveja, podemos apreciar os novos(para mim) e deliciosos sabores fabricados na cervejaria Granville Island: blueberry e maple, que são uma delícia, aprovadíssimos! O mais interessante nessa cervejaria é que você só faz uma pedido, ou seja, se você quiser experimentar todas o pedido deve ser feito de uma vez só. O lema deles é : aqui é um lugar para degustar a cerveja e não se embriagar. Gostei muito, ganhou mais um fã. Na Granville Island a gente também pode ver as casas barcos como em Amsterdam e outra coisa interessante a se fazer é o passeio de barco (8$), a gente pega um barquinho e passeia pelo canal com a bela e riquissima vista do centro de Vancouver.
     O Chinatown de Vancouver é legal, lá nós podemos sentir o clima de como os chineses vivem e encontrar muita coisa diferente da culinária. Melhor ainda é o ‘’night market’’ que começa as 18h. Pra quem gosta de comprar bugigangas, esse é o lugar. Mas tenham muito cuidado com a rua Pender Est, lá é o ponto dos drogados e dá pra sentir medo mesmo. O Dr. Sun Yat Sen Classical Chinese Garden fica no Chinatown, para quem se interessa muito pelas plantas chinesas vale a pena pagar 10$ para entrar mas também é possível ver o jardim por fora que é gratuito.
     Um dia da semana eu e Carolina decidimos sair depois da aula, pegamos um busu e fomos para o centro. Gostaríamos de visitar a Lookout Tower que é uma torre com a vista da cidade. No Lookout a gente paga 10$ (estudante) e tem o direito de voltar a hora que quiser no mesmo dia. A intenção é de ter a vista da cidade de dia e de noite. Esse passeio vale muito a pena, lá de cima podemos ver o Canada Place, que é um prédio em forma de barco e fica na beira da água, um dos pontos mais visitados de Vancouver,  vários outros prédios (como o prédio mais ecológico de British columbia) e ruas importantes. Depois do nosso passeio pelo Lookout, caminhamos até a ‘’orla’’, lá visitamos o Canada Place que é hoje um centro comercial. Antigamente havia um cinema e pelas informações que tivemos o cinema não existe desde 2008. Do Canada Place fomos andando para Gastown, passamos pela Waterfront que é a estação de metrô e aquabus mais movimentada de Vancouver. O prédio desta estação é de 1914, vale a pena dar uma olhadinha nesse lindo e antigo prédio de Van. Seguimos nossas andanças para Gastown, que foi o bairro que mais gostei em Vancouver. É uma bairro boêmio com muitas lojas diferentes, bons restaurantes e barzinhos. Gastown tem um clima de Europa, e é uma coisa bem diferente no meio da moderna Vancouver aquele bairrozinho europeu pequeno e aconchegante. Jantamos num restaurante japonês delicioso e barato, MomoSushi (Eu e Carolina viramos clientes fiéis, algumas vezes saíamos da UBC só pra ir jantar lá). 
   Para quem gosta de comprar é legal ir na Georgia Street com Burrard Street, é o centro das compras, das marcas e tudo mais. A Robson St. também é legal mas um pouco mais cara e arrumada. E é no centro que a gente pode saborear o famoso ‘’Japadog’’ que é um hot dog preparado a moda japonesa. Na verdade é a mesma coisa do nosso hot dog, a diferença é que eles colocam umas algas cortadinhas por cima. A Davie St. também é bem legal é a região GLS da cidade.
   Um sábado decidimos ir passar o dia em Victoria. Para se chegar lá é necessário pegar um ferry que custa 10$ cada trecho e na estação de ferry pega um ônibus por 2,50$ para o centro da viagem. A viagem inteira é longa, então é bom sair cedo. Victoria é uma cidade fofissima, é a capital de British Columbia, então é bem cuidada, limpa, as pessoas são educadas. Todos falam que o clima é melhor do que Vancouver mas eu senti muito frio lá mesmo sendo primavera. Em Victoria nós fizemos o tour pelo parlamento que é gratuito e um passeio de barco pelo canal que liga o rio ao mar. Bons programas para conhecer mais o local e a cultura. Victoria é conhecida por acolher muitos hippies, é bem comum vê-los pelas ruas. Vale muito a pena visitar essa cidade, a viagem em si é belíssima e a cidade é muito agradável.
   Ufa! Tem muita coisa pra falar de BC. Por fim, visitamos o Queen Elisabeth Park, ou melhor, tentamos visitar. Para se chegar lá tem que subir uma ladeira e estar em boas condições físicas. Não aconselho esse passeio para quem está a pé.
    O que falar de Vancouver? Eu só tenho coisas boas pra resumir essa viagem. A cidade é linda, limpa, primeiro mundo total. As pessoas são abertas e educadíssimas. Me senti muito bem lá mesmo com o pouco inglês que tenho. Não passei aperto em nenhum momento, sempre tinha alguém pra me ajudar. Vancouver é também cheia de imigrantes, como todo o Canadá, mas eu pude perceber que os nativos e imigrantes convivem muito bem entre si. O que distancia um imigrante do nativo é a língua e como o inglês é uma língua fácil e falada por todos não existe tanta disparidade entre cada cultura. Amei muito Vancouver, quem sabe um dia moraremos lá. A única coisa que me desestimulou foi o clima. Choveu quase todos os dias que eu estava lá e eu só vi o céu azul quatro vezes. Ai me pergunto o que é melhor?  Viver com chuva e inglês ou  neve e francês? Só o destino para dizer o que nos aguarda.
   Até o próximo post. Minhas melhores saudações,
Roberta.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Visita de Inverno


A gente não pode negar que o inverno é uma estação do ano muito bonita. A neve caindo, a cidade branquinha, tudo é muito romântico. Mesmo assim ninguém quer vir visitar a gente nessa época.
Mas nesse inverno 2012 tivemos a ilustre visita dos mineirinhos, Fernanda, Chico, Thaís e Bernardo. Eles passaram 15 dias aqui com a gente e cada momento juntos foi muito divertido. Essa família é show, não tinha tempo ruim que fizesse eles pararem, aproveitaram cada minutinho, conheceram bastante Montréal, esquiaram, aproveitaram literalmente o inverno canadense e nos fizeram muita companhia.
Fomos ao carnaval de Québec e nos divertimos pacas no parque Valcartier.

Acho que eles fizeram uma viagem única, valeu cada minutinho de frio passado aqui. Valeu família linda, vocês são um exemplo de união e cumplicidade.
Bjs e abraço, Roberta e Bernardo.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CUBA Si!


A curiosidade por Cuba sempre foi um caso a parte quando se tratava em conhecer um outro país. Depois que viemos morar em Montréal esse interesse só se multiplicou pelo fato de termos alguns amigos cubanos e conhecermos mais um pouco da situação do país.
Eu poderia dividir esse post em vários porque Cuba é um lugar especial, é necessário tempo e inspiração para tentar definir o que significa esse país.
Chegamos em Cuba no dia de natal, fomos pra Varadero, uma cidade turística. Ficamos num hotel all inclusive, compramos o pacote pelo redtag.ca, que é um site de ótimos descontos para quem quer viajar do Canadá. O hotel era 4 estrelas, o quarto era limpo, a comida legal (nada muito regado), mas nunca podemos esperar luxo em Cuba, isso é uma coisa rara por lá.
Como nosso objetivo não era esse e sim curtir a praia, o sol e mais sol, foi tudo ótimo.
É impressionante a gente sair do Canadá num frio de matar e com apenas 3 horas e meia de vôo chegarmos num calorzão, praias maravilhosas, gente feliz...bom demais!
No primeiro dia choveu um pouco, então ficamos tranquilos, no esquema come e dorme, coisa que não fazíamos há muito tempo. Mas como a nossa curiosidade não nos deixa em paz aproveitamos o dia chuvoso para conversarmos com alguns funcionários do hotel. Só que eles não podem conversar com turistas. Hoje é mais amena essa proibição no país, mesmo assim eles correm o risco de perder o emprego ou outro tipo de represália. No decorrer da conversa, os sentíamos tensos mas com muita vontade de contar o que eles passam desde 1959. Muitos deles nos disseram que só aguardam a morte de Fidel para que as mudanças comecem a acontecer. Raul Castro, o irmão de Fidel que "está no comando" tenta mudar mas Fidel não permite grandes mudanças. O que mais me chamou atenção foi a questão "comida", os cubanos falam do trabalho, o quanto recebem por mês, o quanto pagam pro governo, o quanto pagam de eletricidade que é muito cara pois esta é produzida pelo diesel, e como fazem pra comprar a comida com o pouco de dinheiro que sobra. É bem normal você ver pessoas pedindo roupa, comida muito antes de pedir dinheiro.
E aí não dá, né? Pra gente que ama sentir o clima real de cada país não dá pra ficar comendo e dormindo o dia todo. Como temos uma grande amiga cubana em Montréal, pegamos alguns contatos da família dela e amigos em Cuba para nos mostrar o lugar com uma pessoa local. Ai vem outra questão surreal (para nós), o telefone. Comunicação em Cuba não é tão fácil, do hotel não tem problema, cada ligação local custa 0.60CUC o minuto para celular (60 centavos de dólar), mas a pessoa que vai atender tem que ter crédito para que a ligação seja completada. Depois de muitas tentativas conseguimos falar com Carlito, um amigo da minha amiga que iria nos levar a Havana.
No hotel cada ligação custava 25 centavos de CUC para ligação local, 60 para celular, 3,30 para o Brasil por minuto. A internet custava 5CUC por 30 minutos e 10CUC a hora. Mas não é aconselhável, primeiro porque a internet é uma carroça, segundo que você usa o laptop do hotel, o computador é bloqueado, não se tem acesso a tudo. Não se esqueçam, estamos em Cuba!
Falando em moeda, em Cuba existem duas moedas: o peso cubano nacional, que é utilizado pelos cubanos e o peso cubano convertível (CUC) que é utilizado pelos turistas (1 CUC = 0,94 dólar canadense).
Ligamos para Carlito mas o seu carro estava "roto" (quebrado). Decidimos procurar um outro chauffer, foi então que conhecemos Alberto, um cubano super simpático com o seu carro verde de 1952. Quando eu vi o carro eu tive uma crise de risos, uma coisa de muito mal gosto, eu sei disso, mas gente, eu não consegui me controlar. E foi nele que no nosso terceiro dia de Cuba partimos para Havana. Alberto foi solícito toda a viagem, nos mostrou coisas que só os cubanos conhecem e nos contou muitas histórias, falava devagar todo o tempo para que a gente entedesse.


Havana fica a 150km de Varadero, na estrada tem um mirante que vale muito a pena parar, mirador de Bacunayagua, e tomar a melhor Piña Colada de Cuba eleita pelos cubanos.
Havana - que cidade fantástica!!! Logo que chegamos em Havana, Alberto deu uma volta de carro, nos levou até o cristo (pois eh, em Havana tem um cristo, não tão grande como o redentor, mas bonito também) e a casa de Che Guevara. O trânsito de Havana é uma onda, vários carros antigos, bicicletas e motos dividem o mesmo espaço. É super normal eles buzinarem entre eles o que faz uma zoada só. Depois disso Alberto nos deixou na rua Obispo (umas das mais conhecidas), de lá caminhamos até a Plaza Vieja, Plaza de la Catedral e Plaza de Armas, assim conhecemos um pouco da Havana Vieja. No meio da caminhada paramos pra tomar um delicioso Mojito em "La Bodeguita del Medio" (este lugar ficou conhecido por causa de Ernest Hemingway, um autor que amava Cuba). Escutamos um bom som cubano, conhecemos boas pessoas de outros lugares do mundo. Depois de alguns mojitos e boa música cubana fomos bater mais perna e conhecemos Barbarita, uma cubana simpática que nós levou para almoçar numa casa-restaurante num labirinto que só eles conhecem. Em Cuba é bem normal eles fazerem um restaurante na própria casa para ganhar um dinheirinho. E não é que confiar em Barbarita deu certo! Gente, que comida maravilhosa!!!! sinto até hoje o sabor daquela comida caseira na minha boca. Pedimos uma mariscada de camarão e lagosta que vinha acompanhado do arroz e feijão (tem coisa melhor???), tomamos cerveja, refri, gorjeta, mesmo assim pagamos apenas 20 CUC (surreal).


O tempero é bem parecido com o baiano, Cuba se parece muito com a Bahia, impressionante! Motivo: a escravidão no tempo da colonização. Nas nossas andanças encontramos acarajé, acreditem!!!, acarajé. Só não tem recheio mas a massa é a mesma. Eu me sentia na cidade baixa em Salvador, comendo um bom acarajé e falando com todo mundo que passava por perto como se eu conhecesse há anos. Realmente Cuba é muito especial!
Na compra do acarajé conhecemos um senhor bem velhinho, ele também estava comprando no momento em que tentávamos entender que ali não aceitava o CUC, somente a moeda local e foi então que o velhinho se propôs a pagar o nosso acarajé. Eu não acreditava naquela situação, mesmo com a falta de tanta coisa eles continuam solidários mesmo o motivo sendo a compra de um simples acarajé. Ele nos pagou o acarajé sem pensar em nada em troca mas nós o demos 5CUC que seria a troca de 1 pra 1 pra nós e pra ele o valor mensal da sua aposentadoria (provavelmente ou até mais), já que ele tinha gastado 4 pesos nacionais. Fazia muito tempo que eu não via uma pessoa tão feliz. Naquele momento nós ganhamos a viagem, valeu mesmo estar naquele lugar de tanta gente sofrida, que não tem o direito de escolha.


Depois disso fomos para o centro de Havana, visitamos o museu de la Revolución (muito interessante, mas a gente percebe que o museu inteiro é sobre Fidel e Che Guevara, ai eu me pergunto como esse povo deve estar de saco cheio disso tudo),caminhamos pela avenida Prado, visitamos o hotel Inglaterra, vimos o lindo e imponente Capitólio e paramos no Chinatown (em todo lugar tem um Chinatown). Neste ponto encontramos Alberto e fomos direto para a Plaza de la Revolución, é ali onde Fidel faz seu pronunciamento. Na verdade nem parece uma praça, é uma imensa avenida com um grande estacionamento que é fechada no dia do pronunciamento. Os cubanos devem estar todos presentes, muitos nos contaram que era feita uma chamada de presença no dia do pronunciamento e ai daquele que faltasse. Acabamos nosso dia em Havana com uma forte chuva, passamos por Malecon, a orla de lá, e pela avenida mais famosa de Cuba, Calle 13. Voltamos para Varadero debaixo de um toró, num carro de 1952 que entrava água da chuva nos nossos pés e o limpador do parabrisa malmente funcionava, que aventura!
Já era noite, por volta das 9, passamos em Matanzas, uma cidade de 160.000 habitantes para deixar as encomendas que levei para a família da minha amiga e seguimos para o hotel.


Tivemos um dia maravilhoso, quero muito voltar em Havana mas da próxima vez será para passar 1 mês.
No dia seguinte tentamos alugar uma mobilete para conhecer Varadero mas não tinha nenhuma disponível. O transporte é muito complicado, como quase tudo, infelizmente. É bem comum a gente ver muitas pessoas nas estradas pedindo carona. Por fim, pegamos o "tour bus" que é somente para os turistas e como podíamos descer e subir toda hora era perfeito. Conhecemos Varadero de uma ponta a outra, tem muita área verde e muito hotel, é um lugar para turistas e que gera muitos empregos. Paramos na Cueva Ambrosio, é uma gruta intacta, vale a pena conhecer. Passamos pelos mercados de artesanatos, fiquei impressionada com a grande quantidade de coisas de qualidade para vender, isso pra quem gosta de artesanato e tudo bem barato.
Nossos últimos dias passamos no hotel, aproveitamos muito o sol e voltamos pra Montréal com uma corzinha, tão bom!


A nossa viagem a Cuba foi maravilhosa, e o que levar de bom e ruim de Cuba? O bom desse país socialista é você sentir que mesmo em um país de pessoas sofridas, que muitas vezes não tem o que comer você se sente seguro. Aí muitos falam, claro que é seguro, tem câmeras por toda parte, não, não tem câmera por todas as partes, tem somente em Havana. O melhor de tudo é a forma como eles se tratam, todos são iguais mesmo, nenhum tem mais dinheiro do que o outro, então porque tratar um diferente do outro. Todos tem escolaridade, não existe nenhum cubano que não saiba ler. Outra coisa, a natureza é extremamente preservada, e os cubanos cuidam dela com muito amor.
O lado ruim é a pobreza, as pessoas não se dedicam ao trabalho (nunca podemos generalizar), mas se dedicar pra quê se o salário será sempre o mesmo?!? Ai vem a pior parte, como o salário é fixo para todo mundo, muda besteira de uma função a outra, as pessoas não tem como ganhar mais, e todos sonham em sair do país, e é por esse motivo que o governo proíbe a saída dos cubanos, se não nenhum cubano continuaria lá, com certeza. Quando eu comentei com um cubano que eu tinha algumas amigas cubanas aqui em Montréal ele me disse que tem cubano por toda parte no mundo, o que o cubano quer é simplesmente sair de lá.
Nós só temos que torcer para que a situação do país mude e que eles possam fazer as suas escolhas. Já imaginou você ser prisioneiro do seu próprio país? Só eles mesmo pra respoderem essa pergunta.
À bientôt, Roberta.